O professor inclusivo

Inerente às mudanças exigidas pela escola inclusiva está a necessidade de todos os profissionais da educação estarem adequadamente preparados e terem formação na área das Necessidades Educativas, não só no âmbito da formação inicial, como também contínua e especializada. Correia (2013, p. 95) salienta a este respeito que “a arte de ensinar pressupõe um investimento significativo por parte do professor”, tornando-se necessário que se atualize, investigando na literatura e na ciência educacional por forma a tornar-se eficaz e eficiente no ensino a todos os seus alunos. Esta necessidade está bem explícita na Declaração de Salamanca (1994, pp. 27-28), onde podemos ler, por um lado, que “a preparação adequada de todo o pessoal educativo constitui o factor chave na promoção das escolas inclusivas” e, por outro, que “as universidades podem desempenhar um papel consultivo importante na área das necessidades educativas especiais, em particular no que respeita a investigação, a avaliação, a formação de formadores, a elaboração de programas de formação e produção de materiais (…)”.

Correia (2014) refere, ainda, a necessidade de se compreender, por um lado, o verdadeiro significado do movimento de inclusão e, por outro, o conceito de Educação Especial, para assim criar ambientes propícios às aprendizagens dos alunos  nas salas de aulas inclusivas. Nesta ordem de ideias, ao professor cabe interiorizar a necessidade de mudar, aceitando, em primeiro lugar, a diferença, adaptando-se aos diferentes ritmos de aprendizagem, promovendo uma pedagogia centrada no aluno e diferenciada que contemple a diversidade do seu público, as suas capacidades, interesses e necessidades de aprendizagem e que valorize a aprendizagem feita, não só com a sua  orientação, mas também com a ajuda do grupo onde os alunos com Necessidades Específicas se encontram inseridos.
A Agência Europeia para o Desenvolvimento da Educação Especial, em 2005, apresenta um conjunto de condições necessárias para uma inclusão bem sucedida e que o professor inclusivo deve considerar. Assim, este deve: i) desenvolver atitudes positivas face aos alunos com Necessidades Específicas; ii) criar um sentimento de pertença desses alunos na sua sala de aula; iii) apresentar competências pedagógicas adequadas; iv) e dedicar tempo à reflexão sobre problemas e experiências comuns com colegas e outros profissionais. Em 2012, a mesma agência aponta quatro valores fundamentais para o
trabalho dos professores em contexto escolar inclusivo e que vão ao encontro das conclusões apresentadas no relatório de 2005: i) a valorização da diversidade, vista como um recurso e um valor para a educação; ii) o apoio a todos os alunos; iii) o trabalho colaborativo em equipa como metodologia essencial; iv) e o desenvolvimento profissional e pessoal ao longo da vida.

in, Escola inclusiva: Perceções de professores sobre dislexia, inclusão e estratégias pedagógicas

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Deficiência Intelectual e transição pós-escolar